quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O Andarilho



“Thomaz sabia pouca coisa sobre a heresia cátara. Ele conhecia o seu arco e sabia escolher uma flecha de freixo tenro ou vidoeiro ou carpa, e sabia emplumar a vara com penas de ganço e colocar nela uma ponta de aço. Ele sabia tudo isso, mas não sabia como fazer com que aquela flecha penetrasse em escudo, malha ou carne. Isso era instinto, algo que ele treinara desde a infância; treinara até que os dedos que seguravam a corda sangrassem; treinara até não pensar mais quando puxava a corda até junto à orelha; treinara até que, como todos os arqueiros, ficara de peito largo e com músculos enormes nos braços. Ele não precisava saber como usar um arco, aquilo era instintivo, tal como respirar, andar ou lutar”.


O Andarilho - Vol. 2 A Busca do Graal 
Bernard Cornwell
Editora Record


Thomas de Hookton, exímio arqueiro inglês, deixa as fileiras do exército para seguir o que lhe parecia inevitável, a busca do Santo Graal. Apesar da vida de sua misteriosa família parecer tão inexplicavelmente interligada ao objeto mais cobiçado da cristandade, Thomas na verdade não tinha tal ambição, porém com a promessa feita ao pai antes de morrer, e todos os últimos acontecimentos, não havia como separar sua jornada dessa busca. O Graal parecia que o chamava, zombava dele e mudava os rumos de sua vida. Em viagem até a cidade de Durham, onde esperava encontrar um velho monge beneditino, que talvez tivesse alguma informação que o ajudasse, seu caminho se cruza com o de Taillebourg, um frade dominicano francês e também inquisidor, que em seus sonhos mais insanos, acreditava que gozasse da graça divina para cometer atos abomináveis nas secções de tortura a que submetia os “hereges”. Desde que não fizesse a pessoa sangrar o demais era permitido, e isto envolvia o esmagando de ossos e a aplicação de ferros em brasa. “Thomas de Hookton ouviu os sinos, graves e sonoros, não o som de sinos pendurados em alguma igreja de aldeia, mas sinos de uma força trovejante. Durham, pensou, e sentiu um grande cansaço, porque a viagem tinha sido muito longa”. Em Durham Tomaz acaba se aliando aos defensores da cidade contra uma investida Escocesa e em meio a este acontecimento sua mulher Eleanor e seu amigo, o padre Hobbe, são mortos. Alguns nobres escoceses são feitos prisioneiros, entre eles Robbie Douglas, que acaba se unindo a Thomas no objetivo de vingar a morte de seus entes queridos, cujas vidas foram tiradas por de Taillebourg ou a mando deste. Assim Thomas de Hookton segue em frente, dividido entre o que deseja fazer e o pesado fardo na busca do Santo Graal.

Calix meus inebrians: "Meu cálice me embriaga", o lema secreto da família Vexille ao contrário do que expunham em seu timbre “Pie repone te” Confie no piedoso.

No segundo volume da série “A Busca do Graal”, Thomas passará por maus momentos e suas perdas serão grandes, porém ele precisa continuar em frente. Em verdade o que seu coração realmente deseja, é seguir o exército inglês com seu longo arco negro, mas os acontecimentos mais do que o impulsionam na busca do Graal. Assim como ele, porém por motivos distorcidos, de Taillebourg está obstinado na procura da relíquia e verá em Thomaz a chance de alcançar seu objetivo. De pano de fundo a “Guerra dos Cem Anos”, onde os piores instintos foram demonstrados por homens, que se aproveitavam da guerra para cometer atrocidades com seus semelhantes. A história é envolvente e a leitura nos leva a viajar pela Europa neste período tão negro da história, a Idade Média. Onde o conhecimento mais do que nunca era usado como arma contra as pessoas ignorantes, que na maioria das vezes não sabiam ler, que dirá ter suas próprias opiniões. Thomas reencontra seu primo Guy Vexille, mas as circunstâncias não permitem a abordagem necessária e mais uma vez ele vê seu primo sumir no meio da batalha, deixando para trás dessa vez a proposta de seu unir com ele na busca do Graal e com isto reerguer o nome dos Vexille da lama onde foi lançado.

Abraço 
Jade

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Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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