quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O Prisioneiro do Céu



Nem tudo adormece para sempre em seu leito no passado.

Barcelona, dezembro de 1957
Naquele ano, o Natal  deu para amanhecer  todo dia  vestido de chumbo e geada... e os negócios na livraria dos Sempere não iam muito bem. Daniel dividia suas preocupações entre a baixa venda de livros e a saúde de seu grande amigo, Fermín Romero de Torres. Ele não parecia o mesmo, era como se carregasse o peso do mundo nas costas. E neste contexto, em um dia que Daniel estava sozinho na livraria, um homem de olhar frio e andar capenga entrou na loja e comprou um caro exemplar do Conde de Montecristo. O mais inusitado foi o fato daquele indivíduo não levar o livro, e sim pedir que fosse entregue de presente. Antes de partir, deixou algo escrito na primeira página e que Daniel imaginou se tratar de uma dedicatória, mas surpreendeu-se ao ler a quem se destinava: “Para Fermín Romero de Torres, que retornou de entre os mortos e tem a chave do futuro. 13”. Ao levantar os olhos do livro, o estranho já havia partido, mas ainda era possível velo mancando por entre as pessoas nas ruas. Sem hesitar Daniel seguiu seus instintos e resolveu sair no encalço daquele homem misterioso. Nessa busca por respostas, Daniel acaba  descobrindo que Fermín Romero de Torres, não apareceu por acaso em sua vida e que seu passado é digno de um romance policial. No ano de 1939, Fermín dava entrada na antiga fortaleza de Montjuic. Um lugar de onde nunca teria saído com vida, não fosse pela ajuda do prisioneiro do céu, David Martín. Nosso querido personagem central do livro O Jogo do Anjo. As histórias do dois livros vão se entrelaçando de forma envolvente e assim descobrimos mais sobre Fermín, este personagem de humor inteligente e ácido, que às vezes nos faz rir sozinhos com suas pinceladas humoradas sobre os dramas da vida real. Fermín que hoje se prepara para casar com a mulher amada, vê sua felicidade manchada de cinza ao temer que não seja possível sustentar a identidade que criou a tantos anos atrás e que já faz parte de quem ele é. Ao contar sua história para Daniel, inevitavelmente sombras do passado se aproximarão de forma ameaçadora sobre a felicidade de ambos, deixando suas marcas para sempre em Daniel.

Mais uma bela obra do admirável escritor Carlos Ruiz Zafón. Este homem das letras que consegue unir talento e criatividade, numa literatura escrita de forma poética, sem ser cansativa, pelo contrário, envolvente. O Prisioneiro do Céu nos traz de volta alguns personagens do livro O Jogo do Anjo e A Sombra do Vento, nos aproximando mais de suas histórias pessoais. Os romances estão ligados entre si através dos personagens e na abertura do Prisioneiro do Céu, tal fato é comentado com a informação de que a série do Cemitério dos Livros Esquecidos pode ser lida em qualquer ordem  e separadamente. Contudo, ainda penso que melhor mesmo é ler na seqüência. Fica a dica para quem não leu nenhum ainda. Em tal hipótese, poderão ver a resenha  dos outros dois livros da série, clicando nos títulos deles a seguir: A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo.

Boa leitura
Abraço
Jade

Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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