domingo, 11 de março de 2012

A Divina Comédia (post 02)


Conforme postei a primeira vez em 04 de dezembro 2011, estou lendo a Divina Comédia, isto mesmo lendo ainda. Normalmente eu leio em casa quando possível e quando estou me deslocando entre casa e trabalho. Na verdade, em dezembro li poucas páginas pois a época não era das melhores para se iniciar uma leitura, sabe como é, muitas comemorações, correria, final de ano... vocês sabem do que estou falando. Mas em Janeiro 2012 iniciei a leitura de verdade e ainda não conclui, pois tive que dar uma pausa. A obra é dividida em três partes, O Inferno, O Purgatório e  o Paraíso. Os três lugares do mundo ideal onde, segundo as doutrinas do catolicismo, a criatura humana pode achar-se depois da morte. O Inferno contém, afora o vestíbulo, nove círculos, e o Purgatório igualmente nove divisões e o Paraíso nove céus circulares. No desenrolar do Poema, Dante, por ordem e permissão superiores, empreende uma peregrinação por esses três mundos, tendo por guia o Poeta Romano Virgílio, que o auxilia até que chegue ao Paraíso. Li a parte do Inferno e o Purgatório, mas estaquei no Paraíso. É uma obra com um alto grau de dificuldade para sua compreensão, pois além de ter sido escrita por volta de 1300, tem muitas palavras que não são encontradas nem mesmo em dicionários, restando a concentração no texto para compreender seu sentido. Mas não desanimem, recomendo sua leitura mesmo assim, porém não antes de terem lido muitos outros livros, o que facilitará no entendimento da obra. No desenrolar do poema, Dante Alighieri cita os nomes de várias personalidades que viveram em diferentes épocas, algumas conhecidas minhas, como Caifás, Sacerdote judaico da época de Jesus Cristo, outras nem tanto. Dante trás também à tona personagens do folclore mundial, como Minos (mitologia grega) e Lancelot (lenda inglesa), o que apenas enriquece sua obra e mostra o quanto o autor deve ter lido até o dia em que resolveu escrever sua obra. Estou dando um tempo para retomar a leitura mais adiante, pois como falei não é tão fácil e portanto se torna cansativa, mas no momento estou sem outro livro para ler, ou melhor, o livro que estou lendo é mais fácil de ser lido em casa, mas esta é uma outra história, ou melhor, um outro post futuro.


Segue alguns trechos de que gostei mais na Divina Comédia.
(Caso queiram situar os trechos nas páginas que indico, saibam que estou lendo uma edição da Editora Pradense, contendo 605 páginas ao todo)

(pág. 33)
Tão profundo era, obscuro, e tenebroso
Que por mais que seu âmago fitasse,
Coisa nenhuma discernir obtive!
- Ora baixemos à região das trevas,
(começou todo pálido o poeta),
Irei adiante, e tu virás seguindo.-

(pág. 39)
Assim baixei do círculo primeiro
Ao segundo, que abrange área mais breve,
Mas onde a dor maior já move a gritos.
Horrido aí de dentes range Minos;
Aos entrantes as culpas mede, e julga,
E por laços da causa a pena indica.

(pág. 41)
Colhi que a tal tormenta eram todos votados
Os carnais pecados que do instinto
Aos incentivos a razão curvaram.

(pág. 44)
Por passatempo líamos um dia,
Como venceu amor a Lancelotto.
Na leitura por vezes se encontraram
Nossos olhos, e a cor fugia ao rosto;
Eis que um trecho deu causa ao desenlace.
Quando abrasado amante amados lábios
Logrou enfim beijar, não se conteve,
Este que nunca mais de mim se aparta,
Todo trêmulo a boca então beijou-me.
Foram o autor e o livro os medianeiros,
E a leitura ficou ali truncada.-

(pág. 129)
Quando esta profundeza estava olhando,
De onde eu estava o guia a si puxou-me,
Dizendo-me: - Acautela-te, sentido! –
Voltei-me como quem por ver se apressa,
O dano que evitar procura, e no ato
Que subitamente apavorado
Mas não tolhe o terror à fuga os passos;
Sendo assim que notei negro demônio
Por trás de nós vir a correr na rocha.
Que horrenda catadura apresentava!
Na atitude quão duro parecia,
Com pandas asas, e velozes plantas!
Sobre um dos ombros, que era agudo e alto,
Um pecador sentado carregava,
Aferrando-lhe as garras nos calcânios.
Ao acercar-se disse: Ó Malebranche,
Eis um dos anciões de Santa Rita;
Mete-o no fundo que vou de outro em busca,
Superabunda a terra em trapaceiros,
Com exceção apenas de Bonturo,
Aí não há ninguém que não se venda.

(pág. 132)
Contra o mestre os tridentes assestaram
Que lhes bradou: Nenhum seja rebelde:
Antes de em mim privardes essas farpas,
Saia à frente um de vós, e venha ouvir-me,
E resolvam depois como entenderem, -
- Malacoda, vai tu (gritaram todos),
a cujo brado um deles destacou-se.
E acostando-o disse: o que pretendes?
- Crê Malacoda, que eu aqui chegasse,
E aqui me visses (respondeu o mestre,
Sem contra vós possuir seguro escudo?
O divino poder me guarda, e o manda;
Cede o passo, portanto; o céu ordena.
Que eu guie por este orço ente inda vivo.-

(pág. 146)
Este é caifás, me disse, o qual outrora
Foi quem aos fariseus aconselhara
Que alguém do povo às fúrias entregasse.
Nu, em traves aqui jas do caminho,
Conforme notas; e a ninguém é dado
Perpassar 

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Abraço
Jade

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Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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