domingo, 29 de janeiro de 2012

O Retrato de Dorian Gray, sem cortes


Conforme eu havia postado em setembro de 2011, para ver clique AQUI, o livro “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, conhecido do público a cerca de 120 anos, tinha sofrido alguns ajustes antes de ser publicado. Um dia desses estava numa livraria e, apesar de cansada de receber um não como resposta, voltei a perguntar se tinham o livro sem cortes, qual não foi minha alegria ao verificar que sim. Finalmente chegou ao Brasil. Graças à Editora Landmark a obra já pode ser conferida conforme foi escrita originalmente pelo autor. Claro que comprei na hora e li pela segunda vez. Para a Capa desta versão bilíngue foi usada a mesma imagem do pôster do filme, com pequenas alterações.
Inicialmente foi escrito para uma revista literária norte-americana, A Lippincott’s Mont Magazine. J.M. Stoddart, um dos sócios da citada revista, se encontrava em Londres para coletar pequenos romances e contos para serem publicados e acabou por conhecer Wilde, para quem encomendou um romance. Aliás, este foi o único romance escrito por Oscar Wilde. A obra deveria retratar o pensamento do esteticismo, um movimento que defendia o belo como única solução contra tudo o que considerava denegrir a sociedade na época, onde em suas manifestações mais fortes, os valores estéticos tem predominância sobre todos os aspectos da vida, numa atitude elitista em relação à arte.

Segundo o biógrafo Philippe Julian, em sua obra “Oscar Wilde”, Wilde desenvolveu a trama de “O Retrato de Dorian Gray” a partir de um acontecimento verdadeiro ocorrido com o escritor alguns anos antes: por volta de 1884, Oscar Wilde foi convidado ao estúdio do pintor Basil Ward, onde o mesmo estava finalizando uma pintura de um jovem modelo. Quando a obra foi finalmente completada, Wilde teria dito: “é uma pena que tal gloriosa criatura um dia envelheça”. O pintor concordou com sua opinião, respondendo “seria maravilhoso se ele pudesse permanecer exatamente como ele é; a imagem do quadro que deveria ganhar as marcas do tempo”. A partir deste acontecimento Wilde criou seu romance que foi lançado pela primeira vez em 1890 e sua versão com alterações em 1891.

Quem não leu ainda a resenha do livro, pode acessar clicando AQUI.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Misstigri



Misstigri é uma talentosa designer francesa, pintora e ilustradora. Suas pinturas têm grande influência de artistas da “art noveau” e também da cultura oriental. A escolha de cores é incrível, de muito bom gosto. Muitas vezes ela pinta personagens femininos em posições sensuais e que na minha opinião ficam lindas, principalmente por não serem vulgares.

Vale à pena dar uma olhada em seu blog e alegrar os olhos com tamanha beleza. Clique no link a seguir e confira:
http://www.misstigri.fr/

Segue uma amostra para irem degustando.

Bj
Jade


 

 


domingo, 15 de janeiro de 2012

Paixão

Ignorando os gritos de seus amigos e de Daniel que ecoavam nas paredes sombrias do anunciador, Luce mergulhou naquela escuridão gélida em fuga e em busca de respostas, ela precisava entender o que tudo aquilo significava. Porque o amor dela e Daniel foi amaldiçoado e porque tudo estava tão confuso. Como podia Cam, um demônio, trabalhar ao lado de Daniel, um anjo?  A única coisa que importava agora era sair daquela confusão toda e tentar descobrir a verdade que ninguém queria ou podia lhe contar.

[...] Seus pés bateram em algo, fazendo um “tum”. Algo muito, muito frio. Ela estava em solo firme. Sabia que já não estava caindo, embora nada pudesse ver à sua frente exceto o véu da escuridão. Então olhou para baixo, para seus tênis All Star. E engoliu em seco. Eles estavam mergulhados em um cobertor de neve que lhe chegava até a metade das canelas.[...]

Luce havia viajado no passado e acabara em Moscou, durante a segunda guerra mundial. A única coisa que haviam lhe revelado era que seu amor com Daniel se repetira e acabara de forma trágica a cada reencarnação sua, mas precisava entender, senti-lo. Ela precisava ver com seus próprios olhos e tentar acabar com esta maldição que os perseguia a tanto tempo. E foi assim que Luce seguiu seu caminho, passando por cada reencarnação sua e revivendo os momentos finais daquele amor que sempre estava acima de tudo. Em meio a esta jornada ela encontrará Bill, um ser misterioso com quem esbarrou dentro de um anunciador, quando estava prestes a encontrar seu outro eu de 1854, na Inglaterra. Bill parece querer ajuda-la e ela esta se sentindo muito só, portanto acaba confiando neste inesperado amigo. À medida que mergulha mais e mais fundo no passado, Luce vai compreendendo a intensidade da dor sofrida por Daniel a cada morte sua e o quanto realmente precisam um do outro. Daniel Tenta encontra-la, mas sempre chega quando ela já partiu. Daniel teme que Luce possa mudar algo no passado de forma irremediável e que isto acabe de vez com a chance de salvar o amor deles para sempre.

Neste livro temos também a visão da história deles pelos olhos de Daniel, o que não aconteceu em Fallen ou Tormenta, porém achei este terceiro volume muito água com açúcar e os argumentos usados na trama um tanto fracos. Quanto as capas, preferi as outras duas, que considero perfeitas. O Quarto e último volume da série tem previsão de lançamento nos Estados Unidos em junho de 2012. Agora é aguardar e torcer para que o último livro seja mais interessante do que Paixão.
Para quem ainda não leu as resenhas de Tormenta clique aquiFallen clique aqui

domingo, 8 de janeiro de 2012

Quase Noite

No final das contas, matar minha mãe foi bem fácil. A demência, conforme desponta, tem o poder de revelar o âmago da pessoa afetada. O âmago de mamãe era podre como a água fétida de um vaso de flores mortas. Ela era bela quando meu pai a conheceu e ainda capaz de amar quando eu, filha temporã, nasci. Mas, naquele dia, ao me encarar com seus olhos vidrados, nada disso importava mais. [...] 

Assim inicia o livro “Quase Noite” de Alice Sebold. Chocante para as primeiras linhas de um livro, mas esta é a triste realidade da personagem Helen, que depois de anos de convívio com a mãe doente mental, num ato impensado, dá um fim aquela relação vazia de afeto e cheia de desilusões. Sua mãe, tão bela e orgulhosa na juventude, acabara por demonstrar durante o casamento, toda sua incapacidade mental para lidar com as situações mais simples do cotidiano de qualquer pessoa, como sair de casa para ir até a farmácia ou qualquer outro lugar além de sua calçada. Helen cresce num lar entre uma mãe demente e um pai omisso ou que talvez amasse tanto a esposa que não suportaria interna-la em uma clínica, mas o caso é que este lar desestruturado acaba por criar uma mulher carente e que ao mesmo tempo ama e odeia sua mãe, sem saber mais onde um e outro sentimento iniciam ou terminam. Helen, mãe de duas filhas e separada de seu marido, é uma mulher solitária, que vive à sombra das necessidades de sua mãe, sem conseguir de fato viver a sua própria vida. Após cometer o matricídio, sem saber o que fazer, Helen vive momentos de reflexão, alternando o presente com lembranças do passado, desde quando era pequena e seu pai ainda era vivo.

Não é uma narrativa das mais estimulantes, escrito em primeira pessoa o livro se desenrola da perspectiva de Helen, que depois de tantos anos de um convívio doentio com sua mãe e pai, não poderia ser realmente uma pessoa equilibrada. As idas e vindas do passado acabam confundindo um pouco a leitura, mas ela traz muito de algo que é fato. Não podemos escapar totalmente das consequências de uma família desestruturada.   

[...] Tinha começado a tratar meu corpo como se ele fosse uma máquina, para manter tanto meu emprego quanto minha sanidade. Isso foi piorando à medida que as necessidades físicas de mamãe foram aumentando. Entre nós, tudo era melhor se fosse controlado. Os hábitos eram reconfortantes de uma maneira que o amor não podia ser. [...]

Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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