domingo, 22 de maio de 2011

O Jogo do Anjo

                                                              Imagem de Mariana Britto

Abertura do livro:
“Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita algumas moedas ou um elogio em troca de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente o doce veneno da vaidade no sangue e começa a acreditar que, se conseguir disfarçar sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de garantir um teto sobre sua cabeça, um prato quente no final do dia e aquilo que mais deseja: seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente vai viver mais do que ele. Um escritor está condenado a recordar esse momento porque, a partir daí, ele está perdido e sua alma já tem um preço”.

Carlos Ruiz Zafón, autor também de A Sombra do Vento, nos leva de volta a Barcelona, desta vez para nos contar a história de David Martín, um jovem de 17 anos, cuja infância foi marcada pelo sumiço da mãe e a morte do pai, um homem transformado pela guerra das Filipinas. David trabalha como assistente em La Voz  de La Industria, um jornal decadente que definha num edifício cavernoso. Com a ajuda de seu benfeitor, Pedro Vidal, homem rico e mui generoso, David terá a oportunidade de escrever contos para serem publicados no jornal e a que intitula de Os Mistérios de Barcelona. Como o sucesso nunca vem sozinho, David percebe que a aceitação do público acaba por despertar a inveja de seus colegas de trabalho, que passam a tratá-lo com animosidade. Neste meio tempo, ele recebe um envelope de pergaminho branco, selado com a figura de um anjo, o primeiro dentre outros, e que trazia dentro um convite. As oportunidades vão surgindo e David se agarra a cada uma delas. Um casarão antigo, pelo qual sempre nutria um interesse, está vazio e ele passa a morar nele. Porém nem tudo vai bem, a mulher por quem é apaixonado se casa com seu melhor amigo e as cartas misteriosas, seladas com um anjo, continuam chegando, trazendo esperança e desgraça. Acreditando que está por morrer, David aceita a proposta de Andréas Corelli, um estrangeiro que se diz dono de uma editora de livros e que lhe faz a encomenda de um livro, cujo tema é no mínimo inusitado. Sua saúde é restaurada misteriosamente e à medida que trabalha no livro, David descobre alguns fatos estranhos envolvendo o antigo dono da casa onde mora, que o levam a desconfiar que está sendo envolvido em algo obscuro. Tentando entender o que se passa, David acaba mergulhando cada vez mais em complicações e fatos inexplicáveis, que o levam a um caminho sem volta.

Um livro que prende o leitor e encanta, com uma boa dose de mistério e um texto inteligente, escrito com a alma do autor. Gostei ainda mais deste livro do que a Sombra do Vento. Carlos Ruiz Zafón escreve de maneira poética e com algumas pinceladas de humor característico dele. Muitas vezes me peguei relendo algumas passagens e divido aqui algumas delas, para entenderem do que estou falando.


“A inveja é a religião dos medíocres. Ela os reconforta, responde às angústias que os devoram por dentro. Em última análise, apodrece suas almas, permitindo que justifiquem sua própria mesquinhez e cobiça, até o ponto de pensarem que são virtudes e que as portas do céu se abrirão para os infelizes como eles, que passam pela vida sem deixar outro rastro senão suas toscas tentativas de depreciar os demais, de excluir e, se possível, destruir quem, pelo mero fato de existir, coloca em evidência sua pobreza de espírito, de mente e de valores. Bem-aventurado aquele para quem os cretinos ladram, pois sua alma nunca lhes pertencerá”.


“Voltei a trabalhar no 7º dia. Esperei que desse meia-noite e sentei na escrivaninha, uma página limpa no tambor da Underwood e a cidade negra atrás das janelas. As palavras e imagens brotaram de minhas mãos como se estivessem esperando com raiva na prisão da alma. As páginas fluíam sem consciência nem medida, sem outra vontade senão a de enfeitiçar e envenenar os sentidos e o pensamento”.


“A chuva não chegou antes do anoitecer e quando começou a cair, desmoronou em cortinas de gotas furiosas que em apenas alguns minutos cegaram a noite e afogaram telhados e becos sob um manto negro que batia com força em paredes e vidros”.


Sobre o Autor
Carlos Ruiz Zafón é um dos autores mais lidos e reconhecidos mundialmente. Ele começou sua carreira literária em 1993 com O Príncipe da Névoa, que ganhou o Prêmio Edebé. Desde então, publicou quatro romances, sendo que os três primeiros foram dirigidos para um público mais jovem, e intitulam-se de El Palacio de la Medinoche, Las Luces de Semptiembre e Marina. Em 2001 ele publicou seu primeiro romance adulto, A Sombra do Vento, que logo se torna um fenômeno literário internacional. Com O Jogo do Anjo (2008) retorna ao universo do Cemitério dos Livros Esquecidos. Suas obras foram traduzidas para mais de quarenta línguas e já ganhou inúmeros prêmios e milhões de leitores em cinco continentes 
Visite o site dele AQUI

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Fotos em Movimento

Jamie Beck e suas impressionantes fotos que se movimentam.

Muito mais do que gifs são as fotos em movimento de Jamie Beck, batizadas como “cinemagraphs”. De muito bom gosto o trabalho desta  fotógrafa de Nova Iorque.




sábado, 14 de maio de 2011

O Vôo da Vespa

A Inglaterra está em guerra contra a Alemanha nazista, e os comandantes da Inglaterra não conseguem entender como seus aviões estão sendo abatidos de forma tão arrasadora. Eles precisam descobrir qual é o trunfo que os alemães escondem, antes que seja tarde demais e fiquem sem nenhum recurso. Neste meio tempo, longe da Inglaterra, em Sande uma ilha na Dinamarca, um grupo de espiões dinamarqueses intitulados Vigilantes Noturnos, observa em segredo o movimento dos nazistas em seu País. Alguns Dinamarqueses aceitam a ocupação de maneira neutra, devido a aparente tolerância dos alemães para com os cidadãos, mas outros se ressentem com o fato do País ter se rendido sem ao menos lutar. A espiã aliada Hermia Mount, uma mulher forte e de língua afiada, está na Inglaterra,  de onde comanda os Vigilantes Noturnos. Ela é noiva de um piloto Dinamarquês, mas devido a guerra, a muito tempo os dois não se vem, e ela é incumbida de tentar descobrir se existe alguma arma secreta nazista na Dinamarca, local estrategicamente favorável. As coisas  não saem como o esperado e algumas pessoas morrem em prol da causa. Hermia resolve ela mesma ir até a Dinamarca, no fundo sabe que também é movida pelo desejo de reencontrar seu noivo, mas muito mais que isto está em jogo. A União Soviética está sendo atacada pelos alemães e a Inglaterra precisa de um plano de ataque seguro, pois terão que usar quase todo seu efetivo aéreo para o combate. O cunhado de Hermia, Harald Olufsen, por uma jogada do destino esbarra com o radar alemão, que fica numa instalação militar próxima de sua casa e acaba se envolvendo neste jogo de espionagem de forma quase irresponsável, colocando sua própria vida em perigo para fazer algumas fotos do aparelho. Agora que está sendo procurado, sua única chance de escapar e chegar na Inglaterra com as fotos, é um avião Hornet Moth, entregue ao esquecimento e precisando reparos. Harald conta com a ajuda de Karen, filha do dono do avião e por quem nutre uma paixão secreta. Ela sabe pilotar o avião e os dois precisarão de muita coragem para seguir com o plano. 

Bom o livro, mas não me empolguei muito, gostei mais de Os Pilares da Terra, que se passa na Inglaterra da idade média.


 

Sobre o autor
Ken Follett, que é Considerado um dos mestres das tramas de suspense e espionagem,  nasceu na Inglaterra em 1949, estudou filosofia na University College, em Londres, e, após uma pós-graduação em jornalismo, começou a escrever no South Wales Echo, jornal de sua cidade natal, Cardiff. Três anos depois, quando trabalhava como repórter no London Evening News, lançou seu primeiro romance, The Big Needle, mas não obteve sucesso. Continuou escrevendo e somente ao lançar O buraco da agulha, em 1978, tornou-se conhecido e foi agraciado com o prêmio Edgar Award. A trama ganhou uma adaptação para o cinema, dirigida pelo conterrâneo Richard Marquand e estrelada por Kate Nelligan e Donald Sutherland.

sábado, 7 de maio de 2011

O Historiador



O Ano é 1972 e uma jovem de 16 anos, órfã de mãe, se dedica obedientemente aos estudos enquanto seu pai viaja pela Europa em missões diplomáticas. Durante uma dessas ausências a jovem encontra na biblioteca de casa, um livro muito antigo e um envelope cheio de papéis amarelados pelo tempo. Não podendo conter sua curiosidade, ela abre o primeiro documento da pilha, datado de 12 de dezembro de 1930, que se inicia... Meu caro e desventurado sucessor... Alguns dias se passam até que possa conversar com seu pai e, quando surge a oportunidade, ela aproveita o momento para insistir que desejava acompanhá-lo em sua próxima viagem. Eles viajam para uma cidade chamada Emona, onde consegue reunir coragem, pedindo ao pai para lhe contar sobre a história daquelas estranhas cartas e do curioso livro de capa de couro macio, que trazia dentro apenas uma xilogravura com a imagem de um dragão de asas abertas e uma comprida cauda enrolada. E assim Paul começa a contar para a filha, sobre uma noite de primavera em que se deparou com o livro sobre a mesa e de como procurou seu mentor e amigo, o professor Rossi, que a seguir sumiu misteriosamente, deixando-lhe aqueles papéis e uma história perturbadora. Rossi  lhe revela que recebeu um livro igual aquele a alguns anos, o que o levou a viajar pela Romênia e Bulgária, onde encontrou alguns documentos muito antigos sobre o século XV, que o levaram a crer que o príncipe Vlad Tepes, ainda vivia. À medida que Paul conta sobre o conteúdo das cartas para a filha, a história retrocede nesse passado recente, quando Paul motivado pelo desejo de encontrar o amigo e também descobrir mais sobre aquele livro, acaba por conhecer a ex-mulher, Helen, que o acompanha nesta louca jornada, viajando pela Bulgária e Romênia, entrando e saindo de bibliotecas e mosteiros, juntando fragmentos da história de Vlad Tepes, o “Empalador” da Valáquia, que originou o tão famoso  livro de Bram Stoker “Conde Drácula”.

Muito bom o livro, principalmente para quem aprecia um fundo histórico, mas devo alertar que o suspense e o terror são em doses homeopáticas, portanto não deve ser lido contando com isto. Devido à riqueza de detalhes, é fácil mergulhar na história, porém, em minha opinião o final deixou a desejar. É um livro extenso, são 541 páginas, e logo no final, que seria a parte em que a autora poderia ter investido mais, foi simplista.

Abaixo algumas fotos dos lugares percorridos pelos personagens, para ir entrando no clima...rsrs.



Sobre a autora
 A americana Elizabeth Kostova formou-se na Universidade de Yale e fez mestrado na Universidade de Michigan, onde ganhou o prêmio Hopwood de melhor romance em andamento. O Historiador é resultado de dez anos de pesquisa e de uma vida inteira de imaginação – desde a infância, quando seu pai lhe contava histórias sobre o Conde Drácula, Kostova sonhava escrever um livro como este.

Imagem de Mariana Britto
Sigo andando a passos largos...
...sem rumo e sem destino, apenas observando o que se passa e o que passou, o conhecimento traz prazer mas também traz dor.
Jade

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